quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Soluções baratas.

Vamos rever alguns acontecimentos recentes no transporte aéreo brasileiro:
  • Manutenção dos insuficientes espaços entre as poltronas dos aviões;
  • Insistência de tornar a operar H24 em Congonhas, contrariando clamor popular;
  • Insistência em elevar o número slot de 34 para 50 movimentos/hora em Congonhas;
  • Programa reduzido na formação de controladores de tráfego aéreo;
  • Programa reduzido na formação de tripulantes técnicos;
  • Ampliação de aeroportos com puxadinhos provisórios e tendas;
  • Diminuição da equipe de tripulantes de cabine (comissários);
  • Número insuficiente de Inspetores/fiscais da aviação civil;
  • Destinação de aeroclubes como suporte único da aviação geral;
  • Internet e TV no aeroporto em troca da eficiência e pontualidade esperada pelo passageiro;
  • A desistência da construção da 3ª pista em Guarulhos;
  • A desistência da construção da área de escape em Congonhas;
  • A desistência da construção de um novo aeroporto metropolitano em São Paulo;
  • A desistência da desobstrução da zona de proteção do aeródromo de Congonhas;
  • A desistência de tornar civil o Controle de Tráfego Aéreo;
  • A desistência da Emirates em operar o A380 em SBGR;
Até o momento a nova Secretaria/Ministério não disse a que veio. Não podemos deixar, já que brasileiro adora neologismo, que ações emanadas da SAC sejam encaradas como “sacanagem” para enfrentar o problema. Alguém, ainda que por mero altruísmo, precisa, não só alertar nosso governo como apresentar os questionamentos e as soluções prováveis.
Li por esses dias uma excelente explicação e questionamento de uma verdadeira autoridade no assunto de transportes, que perguntava o seguinte: “ - Se o governo está determinado em acatar soluções estritamente políticas, por que gasta dinheiro em caras e renomadas pesquisas técnicas”?
Não faço críticas baseadas somente na contratação do “Relatório BNDES-Mckinsey” para o transporte aéreo e aviação civil. Na aviação militar, quantas pesquisas foram produzidas pela FAB no projeto de escolha de caças que não foram sequer considerados pelo mandatário anterior?
Levando-se em conta o parque aeroportuário atual e os anúncios desencontrados sobre melhorias da infraestrutura, se não houver desistência em sediar a Copa de 2014, é bom que se preparem, pois, vão descobrir que “barata também voa”.

Celso BigDog

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FRANQUIA AEROPORTUÁRIA – A solução tupiniquim para a Aviação Civil.

 
Diante do choque de ideias e da dificuldade de sincronizarmos o contraponto aeronáutico atual, onde quem regula não sabe exatamente o que fiscaliza, e quem executa não sabe exatamente a quem se reporta, tive um insight para uma “Franquia Aeroportuária” que imediatamente foi rechaçado como um grande absurdo. Apesar de fazer sorrir a "Corte", qual não foi minha surpresa ao me deparar com a notícia divulgada ontem, que, traduzindo em miúdos nada mais é do que a síntese dos meus devaneios. Segundo informações da Agência Estado, a Infraero terá poder de veto nas decisões que serão tomadas pelas companhias a serem formadas na privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.Já que isso é possível, por que não começamos a pensar em Agências Regionais? Quando não tenho muita certeza eu costumo “achar”, então eu acho que seria uma boa coisa a criação da ARAC – Agência Regional da Aviação Civil com objetivo de fornecer subsídios à agência federal. Seria muito interessante e menos dispendioso que uma só unidade, centralizada em Brasília, passasse a receber documentação e reportes de ARAC de todo o País sem arredar o pé do Distrito Federal. Bem, como disse no início, se acho, significa que não tenho certeza se isso daria certo ou não, mas para quem não está fazendo nada, que mal há em tentar?
Enquanto isso eu vou achando graça, e parafraseando Raulito me divirto cantando: “Eu sou a mosca que pousou em seu aeroporto...”
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,infraero-tera-poder-de-veto-em-aeroportos-privatizados,85089,0.htm

Celso BigDog

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aeroportos – Conforto pode mitigar e esconder a ineficiência operacional.

Entre uma e outra dolorosa injeção consigo tempo para elucubrar sobre esse imbróglio aeronáutico que assola o Brasil. Não sei o que me incomoda mais, se é a dor da picada ou a maneira amadorística que abusa da boa fé do cidadão para esconder os verdadeiros problemas causados pela incompetência administrativa no setor aeroportuário. Ainda que eu queira fugir do tema, ele está estampado nos jornais, revistas e nos noticiários televisivos, a me atormentar com um inconformismo inexplicável.
É fato que uma aconchegante sala de espera no aeroporto pode prolongar a paciência do viajante e torna-lo mais passivo diante de um atraso no voo, ainda que seja num “puxadinho”, maquiado, feito para durar quatro ou cinco anos, tempo suficiente para desabar nas mãos do próximo governante. Sabemos que para a concessionária é comercialmente bem vinda a situação de alguns voos atrasados ou cancelados. Os viajantes tem fome e formam filas nas lanchonetes de Fast-food. Conseguem tempo para comprar lembrancinhas nas lojas de importados, presentes e conveniências, movimento que justifica os altos aluguéis que a concessionária cobra de seus locatários.
Ah como é bom atirar pedras naqueles que herdam a tragédia.  Não falo somente do desempenho federal. Falo da integração e interesses de partidos diversos e seus candidatos de todas as alçadas, federal, estadual e municipal. De nada adianta um grande e funcional aeroporto se não houver como acessá-lo por terra. Vamos prestar atenção e conferir essa falta de parceria administrativa ao longo desse período que, além do crescimento previsto englobará o Encontro de Jovens Católicos com o Papa (cerca de Um Milhão de peregrinos) no Rio de Janeiro em 2013, às vésperas da Copa do Mundo. Até lá quem vai pagar a conta do aumento do custo operacional dos voos, nos atrasos pelas interdições das pistas para possibilitar manutenções dos 12 aeródromos envolvidos? Quem arcará com a gastança sem os ritos tradicionais das licitações? Tenho certeza que não serão as aéreas. Preparemos os bolsos.
Há pouco tempo ouvi um administrador, do mercado aeroportuário, gargantear que o Aeroporto de Congonhas foi reformado em tempo recorde sem prejudicar a operação. Ora meus amigos leigos, vocês não tem obrigação de saber que Congonhas opera das 06h00 as 23h00 tendo a noite toda sem o movimento de aviões para as reformas, caso diferente dos aeroportos envolvidos na Copa que operam 24 horas ininterruptas. Essa é mais uma maneira de mentir dizendo apenas verdades. Aliás, não vou tocar nem no assunto do JJ3054 que ceifou 199 vidas.
Já observaram as questões relativas ao destino dos aeroportos brasileiros? Concessões, privatizações, estatizações, contratos de comodato, empréstimo, jeitinho e outras artimanhas financeiras que serão abertas para ativar o setor. Já pensaram que “rabo de gato” será isso para a agência de fiscalização aeronáutica, uma vez que ela já não consegue sequer fiscalizar o modelo único hoje existente? Já souberam que só neste semestre o número de acidentes da aviação geral é recorde, e a prevenção deu lugar às lamúrias cada vez que acontece um sinistro? Já viram quantos acidentes com e sem vítimas tivemos este ano e efetivamente nada aprendemos com as conclusões do CENIPA? Os Relatórios Finais de Acidentes Aéreos servem para estatísticas que vergonhosamente ajudam apenas a vender jornais. Pouco nos importa se o piloto de helicóptero que caiu e matou cinco pessoas estava com a licença vencida há seis anos. Pouco nos importa que o piloto de outro helicóptero que caiu é um artista com licença só para cantar. Pouco nos importa, porque sabemos que a agência não ressuscitará os mortos e que tampouco receberá os tributos relativos às faltas cometidas, no entanto, não sabemos, já que esse órgão existe para fiscalizar aeronautas, aeroviários e aeronaves, por que não o faz?
Ainda assim, diante desse quadro tenebroso, abrem-se os céus entre Brasil e EEUU. Acordos de liberdade de linhas aéreas com a Comunidade Europeia são assinados. Modificações estruturais na administração do sistema aeroportuário brasileiro às vésperas dos grandes eventos são barganhadas, entre concessionárias distintas, públicas e privadas com objetivos diferentes, nacionalidades diferentes e modus operandi diferentes. O que o povo brasileiro não deve deixar passar despercebido e exigir que esses “inventores de modernidade” não se esqueçam de assinar um termo de responsabilidades que lhes cabem ao final de cada contrato, quanto aos riscos à segurança aérea, independente da condição de estarem ou não futuramente, exercendo funções no Governo.
Ao serem questionados sobre a Torre de Controle do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, ainda em construção, os vencedores do primeiro leilão aeroportuário simplesmente disseram: -“Podem ficar com a administração da Torre de Controle e do controle de tráfego aéreo”.
Não permitam que o Transporte Aéreo Brasileiro seja encarado como um investimento de valores em “contratos de risco”. Essa visão, se não for considerada uma imprudência, certamente, em caso de resultado desastroso, deverá ser classificada como um ambicioso crime contra a sociedade brasileira, pois, controladores de tráfego aéreo e pilotos continuarão sendo expiatórios do corporativismo político brasileiro.
Celso BigDog