quinta-feira, 30 de abril de 2009

Há algo de "novo" no ar! (Ponto de Vista)


Como primeiro resultado positivo da iniciativa "Ponto de Vista", deste Blog, trago aos senhores uma boa nova, onde espero que vicejem artigos científicos sobre a atividade ATC/ATM. Infelizmente por condições abaixo descritas não poderei expressar ali o meu pensamento, pela formação acadêmica exigida, mas estarei orgulhoso de ver alguns de nós assinando boas matérias. Organizem suas idéias, preparem seus artigos e participem desse processo de esclarecimento da atividade de Controle de Tráfego Aéreo, elucidando dúvidas, buscando soluções, fundamentando teses e trazendo entendimento para nossa insólita atividade.
Abaixo adianto algumas características desse promissor veículo de informação especializada que em breve estará circulando no meio aeronáutico. Comecem a escrever seus artigos. Querem mudanças? Participem!

CONEXÃO SIPAER
A Revista Conexão SIPAER é uma revista científica a ser editada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. Com o objetivo de promover a disseminação da informação técnico-científica produzida por pesquisadores e profissionais da área da ciência aeronáutica e ciências afins, voltados para a segurança de vôo, terá foco nas atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos.
Serão aceitas submissões de artigos feita por autores brasileiros que possuam currículo cadastrado no Sistema Lattes. Em caso de co-autorias, todos os autores deverão estar cadastrados. Autores estrangeiros que não tenham atuação direta em instituições no Brasil serão dispensados desta exigência.
Não é necessário ser credenciado SIPAER para a submissão de artigos, no entendimento de que todos os profissionais ligados à aeronáutica trabalham direta ou indiretamente com a prevenção de acidentes. Da mesma forma, não é necessário que o autor esteja em a atuação acadêmica ativa. Porém, a Revista Conexão SIPAER estimula a participação colaborativa entre pesquisadores de atuação acadêmica e profissionais em atividade operacional para a submissão de artigos em co-autoria.

LINHA EDITORIAL
São de interesse para a Revista Conexão SIPAER os trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e profissionais das seguintes áreas:
Administração aeroportuária; aviação; busca e salvamento; ciência aeronáutica; comunicação e fraseologia; engenharia aeronáutica; ensaios em vôo; ergonomia; fator humano; gerenciamento de operações; instrução aérea; investigação de acidentes aeronáuticos; manutenção aeronáutica; medicina aeroespacial; segurança operacional e safety management system (sms); sistema de gerenciamento da prevenção de acidentes aeronáuticos; tráfego aéreo e transporte aeromédico.

APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS
O arquivo contendo o texto do artigo deverá ser remetido para o email conexaosipaer@cenipa.aer.mil.br em formato Word for Windows seguindo os seguintes critérios:
1. Ser redigidas no idioma português ou espanhol em página A4 (210 x 297 mm);
2. Cada trabalho deverá ter o número máximo de páginas de acordo com o estipulado no item 2.1 Estrutura de Seções, incluindo bibliografia, figuras, tabelas e demais anexos;
3. Deverá ainda vir acompanhado de resumo com o máximo de 10 linhas em português (ou espanhol) e 10 linhas em inglês;
4. A fonte utilizada deverá ser a Arial tamanho 12 para o texto, Arial 10 para as citações com mais de três linhas, notas de rodapé e bibliografia, todos com alinhamento justificado;
5. O título e os subtítulos serão os únicos itens a serem grafados em negrito;
6. O espaçamento entre linhas deverá ser simples para todo o texto e os subtítulos deverão ser separados do parágrafo anterior por um espaçamento duplo;
7. As margens deverão ser de 2 (dois) cm com a numeração das páginas no alto da folha, à direita e os parágrafos deverão ser formatados com recuo padrão de 1,25 cm, sem espaçamento entre parágrafos;
8. Cada trabalho deverá incluir o título na primeira página, no alto e centralizado e na última página, a bibliografia de acordo com as Normas da ABNT;
9. As imagens devem estar no corpo do texto, em ordem crescente, em resolução de 100 a 300 dpi, seguida de legenda explicativa no formato previsto pela ABNT. Devem ser enviadas também em arquivos separados em formato jpeg na resolução máxima.
10. Devem ser seguidas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

IMPORTANTE:
Todos os metadados relativos à autoria do artigo submetido deverão ser encaminhados em um arquivo distinto do arquivo do texto do artigo contendo o título e o nome do autor ou autores (último nome em caixa alta seguido do nome), formação, titulação ou qualificação profissional, instituição de trabalho, endereço completo, telefone, fax e e-mail.
(Fonte: Arquivo gentilmente cedido pela Biblioteca do CENIPA)

Celso BigDog

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vida de cão "2".


Ahaaa! Agora eu quero ver a Infraero me tirar daqui. Voltei em busca de outras respostas. Por que as cabeceiras foram recuadas se nessa condição não dá para operar com as aeronaves características de Congonhas? E por que precisaram ser recuadas? Só por causa do Bahamas? Por causa do Prefeito? Por causa do acidente do TAM? Por causa da vizinhança que quer menos barulho? Por causa de quantos novos obstáculos que surgiram no entorno do aeroporto e feriram a zona de proteção do aeródromo? E quem autorizou essas construções? Foram autorizadas sem uma inspeção? Não é fácil colocar um teodolito na cabeceira e olhar quem está invadindo a ZPA? Não é fácil bater um carimbo de INDEFERIDO nos processos que infrinjam as regras? Ou não tem tinta? Ou não tem carimbo? Ou não tem carimbador? Ou não tem nem um nem outro? Será que embargar prédio devolve segurança à operação das aeronaves. Por que não demolir a parte que está irregular? Ou então por que não colocam uma faixa nos prédios embargados dizendo: “Senhor piloto, não bata neste prédio, pois ele está embargado!” Será que, se um piloto colidir com um obstáculo desses será responsabilizado? Será que um dia... GRRRR, lá vem a Infraero de novo... GRRRR. Não posso latir porque avião não late, ou late? Será que ele me reconheceu?

Hei você ai! Tem que pagar as tarifas! ATAERO, TPM, TPE, PAN, PAT, Banho e Tosa e também foi multado por fazer xixi na antena do glide e... Hei venha cá!

Eu heim! Pago nada! Na próxima vou me disfarçar de Quero-quero. Fui!

Celso BigDog

segunda-feira, 27 de abril de 2009

PONTO DE VISTA


Escolha um assunto e escreva sua sugestão no campo "comentários" logo abaixo.
Espero que as abordagens sejam responsáveis e respeitosas para que possamos manter esse espaço democrático e de alto nivel.
A Segurança Aérea e o Controle de Tráfego Aéreo Brasileiro agradecem.
Celso BigDog

domingo, 26 de abril de 2009

Um perigo para quem voa e para quem não voa!

Perigo Aviário!
Antes de contar mais uma historinha, é bom que os senhores, controladores ou não, conheçam uma publicação ímpar, produto do trabalho de uma equipe extremamente aplicada, e cujo resultado depende de sua divulgação para que o sentido de segurança no espaço aéreo seja completo. Pelo simples fato de conhecermos um pouco das aves, seus hábitos, preferências e habitats, passaremos a exercer, com um pouco de boa vontade, a função de agente de segurança no espaço aéreo. Ao final deste post encontrará o link da publicação.

Historinha? Então vamos lá!
Era 1975. No primeiro andar do departamento de ensino da Escola de Especialistas de Aeronáutica um aluno de nome Rodrigues queimava a pestana tentando resolver as difíceis questões da prova de matemática. O silêncio vez por outra era quebrado pela turbina de um F-5 que insistia em fazer o mesmo trajeto, mas com uma particularidade, a cada vez que passava o som estridente era mais alto, dando a nítida impressão que estava circulando cada vez mais baixo, muito baixo.
Que Deus me perdoe, mas a necessidade de me concentrar na prova, levou-me a ter desejos terríveis contra aquele incômodo, no entanto mal eu sabia que aquela máquina, por cerca de dez minutos, já circulava solitária e sem tripulantes sobre nossas cabeças. Um urubu havia feito seu estrago obrigando o piloto a ejetar-se. Numa última passagem, após dar um rasante sobre o departamento de ensino e passar cerca de 10 metros do telhado do Prédio do Comando da EEAR, com um estampido surdo espatifou-se 200 metros adiante.
Antes mesmo de saber o que é Controle de Tráfego Aéreo, já notei a importância desse assunto que deve sempre ser tratado, não só pelos elementos credenciados, mas por toda a sociedade civil. Geralmente esses eventos ocorrem em zonas populosas, onde as aves são atraídas por depósitos de lixo, aterros sanitários, matadouros, frigoríficos e represas, tornando essas áreas mais propícias a acidentes aéreos desse tipo.

Boa leitura! Conheça o Perigo Aviário
Celso BigDog

Vida de cão!



Para que serve essa pista de Congonhas?
Será que é uma área de preservação permanente de “Quero-queros”? Por que todos os aviões só decolam e pousam na pista da direita? Será que é porque fica mais perto do embarque e desembarque? Por que eles não cruzam a pista da direita para decolar da esquerda ao invés de ficarem ali parados, um, dois, quatro e até oito aviões enfileirados? Só por causa da antena do ILS? Ué? E por que então faziam isso há algum tempo atrás? Faziam errado? E por que não mudam a antena de lugar? Quer dizer então que isso não tem solução? Será que o dinheiro gasto com o combustível dos aviões que esperam diariamente não pagaria uma obra que solucionasse o problema? E por que eu que sou cachorro penso nisso e os homens não? E se pensam, por que então ninguém faz algo a respeito? Por que não se estabelece então que, estando o campo operando visual, fica permitido cruzar avião em frente à antena do Glide pelas TWY F, A ou B? Será que o piloto em aproximação, estando visual, não saberá controlar sua aeronave com uma pequena oscilação do GS? E por que será que eu estou me preocupando com isso se...

Saia daí seu vira-latas! Paaaassaaaaaaa! Shshshshshpppp! Cai fora!

E por que a Infraero está me tirando daqui se não tem avião? Ah saco! Au, Au, Au, oops! cain cain cain!
Celso BigDog

Lançamento da revista eletrônica - RETA-@


Revista de Educação e de Tecnologia Aplicadas à Aeronáutica
A RETA-@ é um periódico técnico-científico, com periodicidade semestral, voltado exclusivamente para a divulgação de trabalhos científicos na área aeronáutica, focando processos de ensino e de aprendizagem e tecnologia aplicadas à aviação. Utiliza em seu processo editorial o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER). Visite!

Parabéns pela iniciativa. Sucesso!
Celso BigDog

Você conhece os limites de competência de seu trabalho?


-Solo São Gerson é o NEW8742?
-Prossiga
-8742 iniciou o push, mas quebrou o garfo do reboque... Autoriza acionar na presente posição?
-Autorizado, 8742 chame para o taxi.
-42
-Solo é o 8742?
-Prossiga!
-Houve um problema aqui e estamos cancelando a saída... é... é.... o senhor tem visão da posição de nossa aeronave por meio de câmeras?
-Afirmativo senhor!
-Então deveria ter nos informado do container fora da área de segurança, confirme?
-O Ground e a TWR só tem autonomia sobre a área de manobras ok?
-Se não tem autonomia aqui, por que autorizou acionar?

Essa estória é fictícia, mas poderia bem ser verdade e com certeza já deve ter ocorrido em algum aeródromo controlado por aí. Onde começa e onde termina sua jurisdição, sua autonomia? Você sabe?
Entre 2002 e 2004 um incidente parecido em Manaus enriqueceu meus conhecimentos sobre causas e efeitos da instrução e da responsabilidade ATC em aeródromos. Durante o push-back de uma aeronave MD-11, quebrou o garfo do reboque. Tentando evitar um atraso, o piloto pediu à TWR se poderia continuar a curva à direita, por meios próprios e prosseguir no taxi. O controlador confiando no bom senso e na habilidade do piloto da renomada empresa e, buscando ser colaborativo, autorizou. De imediato a pesada aeronave atacou os motores e num grande esforço fez um peão de aproximadamente 270 graus para posicionar-se na linha do taxiway. O emprego da potência dos motores para a manobra dirigiu o jet blast de encontro às vidraças da sala de embarque, estilhaçando-as por completo e causando certo pânico nas pessoas que ali permaneciam.
Não posso garantir que tenha havido alguma repreensão ao comandante da aeronave, agora quanto ao controlador, somente a chateação com relatórios e reciclagens em seus dias de folga já se configurava como punição.
Conheça seu trabalho, seu espaço, sua jurisdição, sua competência e suas responsabilidades. Fora disso, ser prestativo pode significar somente uma coisa: "encrenca".
Celso BigDog

sábado, 25 de abril de 2009

Gripe Suína ataca o tráfego aéreo.


Na virada do milênio assistimos no Brasil à explosão do tráfego aéreo doméstico e internacional. Naquela ocasião, comprovadamente, não tínhamos capacidade para assimilar com segurança o crescente e desordenado movimento aéreo. A preocupação esculpia profundas rugas nas testas dos profissionais de aviação, de sargento a brigadeiro e as escassas providências visavam tão somente amainar aquela sensação de que iríamos virar notícia a qualquer momento. Muito dinheiro foi destinado para por a casa em ordem, mas eis que então, uma desgraça fora das fronteiras do país depurou as expectativas e trouxe para baixo, de maneira abrupta, os índices de crescimento do tráfego aéreo: “O 11 de Setembro”.
Da noite para o dia, posições operacionais do APP SP, de Brasília, do Rio, de Curitiba, de Manaus, eram acopladas por falta de aviões. Controladores acotovelavam-se nas salas de estar esperando por uma vaga na mesa para jogar dominó. “Esse é o momento!” – eu disse. “Vamos aproveitar a calmaria e implementar os cursos de elevação de nível, simulação e degradação de sistemas”. Qual o quê! As coisas foram desacelerando e nos quatro cantos do país, “enquanto a formiga trabalhava a cigarra cantava”. Dessa lassidão pós-traumática, veio a conveniente preguiça que nos levou direto para a ineficiência e consequentemente ao inegável Caos Aéreo. Aprendemos alguma coisa com isso?
Temo que as condições para se conduzir o ATC com segurança nos próximos anos, enfrentando os efeitos da Copa do Mundo de 2014, da provável Olimpíada de 2016, além das projeções naturais de crescimento aéreo, sejam insuficientes. Espero estar errado, caso contrário estaremos dividindo os noticiários esportivos com os atrasos, congestionamentos nos céus e aeroportos, para não falar do pior.
Jornais do mundo todo noticiam o aparecimento da Gripe Suína que pode se transformar em “pandemia” e esse fato pode reduzir drasticamente a aviação civil entre os países afetados. Ainda que o volume de tráfego aéreo doméstico seja muito grande no Brasil, haverá temporariamente uma falsa sensação de auto-suficiência na capacidade de controle e isso pode levar à complacência gerencial, permitindo que a velha cigarra volte a cantar quando deveria estar trabalhando.
É preciso estar atento meus amigos. É preciso estar atento! Gripe Suína
Celso BigDog

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Será que tudo é relativo, até um proativo?

O “proativo” é aquele que consegue enxergar e encontrar diversas maneiras para resolver um problema ou executar uma tarefa. É conhecido também por antecipar situações e tirar aprendizado de qualquer condição. Destaca-se dos demais pela quantidade e qualidade de informações que detém. Consegue atingir a eficiência com criatividade, coragem e audácia dentro de um grupo.
Coincidentemente essas características se encaixam no perfil desejável de um controlador de tráfego aéreo. Era assim que, criteriosamente o NUISO da Aeronáutica selecionava jovens para o exercício dessa função ímpar. Bons tempos! Hoje podemos notar que há três interpretações para um mesmo elemento proativo:
1 - Disputado na iniciativa privada pelos bons resultados que apresenta em ambiente coletivo.
2 - Caçado e erradicado do meio militar, pois pode exercer liderança negativa na tropa.
3 - Desejável, mas extinto no Controle de Tráfego Aéreo brasileiro pelos dois motivos acima.

Então vejamos:
Êxodo = militares e civis (cada um no seu quadrado)
Poxa, “não é que tudo é relativo mesmo?”
Celso BigDog

quarta-feira, 22 de abril de 2009

C:\O cockpit hoje! Nacele ou Workstation? [Enter]


Sei que muitos colegas aviadores da nova geração irão protestar contra esse meu comentário, mas gosto de ver certos assuntos discutidos, até porque, esse em especial é análogo ao assunto que tanto se debate na “Acholândia”: - “O futuro do controlador de tráfego aéreo”. [Enter]
Se o leitor ainda não teve a oportunidade de questionar quanto tempo um piloto efetivamente pilota uma aeronave comercial hoje, prepare-se para ter uma surpresa. Posso afirmar que a tarefa de guiar realmente o avião tem seu maior tempo gasto no solo, manobrando a aeronave no taxi e ligando e desligando seus motores no push back e nos calços. A rota é previamente programada e selecionada antes da decolagem. Os cálculos de velocidade, níveis de voo, peso e balanceamento são realizados por empresas especializadas. O computador da aeronave recebe periodicamente um upload de navegação aérea fornecido por empresas especializadas (http://www.jeppesen.com/), para qualquer tipo de voo, qualquer destino que se pretenda seguir, basta selecioná-lo. A pilotagem tem inicio durante o push e termina logo após o rotate, quando a alavanca do trem de pouso é acionada. Daí em diante e até a aproximação final do aeródromo de destino, só botões e clicks. Podemos afirmar sem medo de errar, que uma aeronave decolando para qualquer destino, será pilotada somente alguns minutos, incluindo o taxi, sendo que o restante obedecerá aos comandos de um operador de sistemas. [<- Bk Sp] digo, ...um operador de sistemas sênior auxiliado por um júnior. [Enter]
Com a proposta de introdução do CNS/ATM e dos recursos eletrônicos que vem sendo agregados ao sistema de gerenciamento de tráfego aéreo, controladores e pilotos precisam discutir sua situação futura, tanto para poder realizar um planejamento de vida, quanto para poder enfrentar essa pororoca conceitual “ATC X ATM” que se aproxima. [Enter]
Durante o XV Seminário de Aviação Civil promovido pela ANAC em setembro de 2008 em Recife, o Senhor Comandante do DECEA informou que a instituição ainda não tem o perfil do profissional que fará o gerenciamento aéreo. Será que o piloto também terá um novo perfil? [Enter]
Se ele que é ele, não sabe ainda, então nós podemos achar à vontade. E por falar nisso, o que você acha que eu acho? [Exit]
Celso BogDog

domingo, 19 de abril de 2009

Semear idéias, espargir conhecimento.


Gosto de discutir idéias abertamente. Sinto como se lançasse sementes ao vento. A natureza se encarrega de guiá-las para terras férteis, sob a luz do sol, onde um dia germinarão. Guardá-las comigo seria o mesmo que confiná-las num celeiro de avareza à mercê dos carunchos do egoísmo.
Desculpe. Não posso tratar esse assunto como se fosse simplesmente um caso de mesquinhez. Não posso tratar as pessoas que assim agem como se fossem egoístas, até porque boas idéias podem representar muito mais do que dinheiro, podem ser uma questão de sobrevivência.
Nos meus últimos anos na ativa da Força Aérea, coloquei em questão todo o conhecimento que adquiri em promover mudanças e tentei interferir positivamente no meu ambiente de trabalho. Tive muitas surpresas. Tive muitos conselhos do tipo: -“por que você não guarda isso para a reserva e monta uma empresa para prestar serviço para a FAB? ” Sei lá, respondia. E na verdade não sabia mesmo o porquê disso. Vejo hoje que empresas que servem a Aeronáutica têm uma produtividade altíssima, e que todo o corpo técnico de seus funcionários, resolvendo questões crônicas, é oriundo das fileiras da própria Força.
Certa vez, um dileto amigo, ouvindo minhas idéias para contornar nossas dores operacionais assim me disse:
Contam que numa comunidade aborígene australiana, que se dedicava a criar porcos selvagens, se deparou com um grande contratempo. Um enorme incêndio na floresta dizimou 90 por cento de sua criação. Como a carne crua e salgada do suíno era sua principal alimentação, um período de muita privação se anunciava no grupo. Tendo o estômago remoendo de fome, um jovem se deparou com um porco todo queimado. Não resistindo, pegou o pernil assado e com uma cara de nojo provou a iguaria. Sua surpresa logo se espalhou pela tribo e todos passaram a comer voluptuosamente os assados.
Com o sucesso da nova modalidade alimentícia, muitos incêndios foram provocados como motivo de festa e em pouco tempo, tanto os porcos como as florestas já eram escassos. Especialistas desenvolveram técnicas para aproveitar os melhores ventos nos incêndios. Outros se especializaram em descobrir a melhor umidade do ar. Também havia aqueles que se especializavam em procurar motivos para festejar. Foi então que, diante da vertiginosa escassez de matéria prima causada pelos incêndios indiscriminados, surgiu um visionário. Chamou o chefe, juntou alguns gravetos no chão, acendeu uma pequena fogueira, matou um leitão e o colocou para assar.
- Viu? - disse o jovem ao chefe. É um pequeno incêndio que assa um só porco por vez. Assim não há desperdício e não acabamos com a floresta...
- Espetacular, disse o chefe.
- Então vamos programar isso bondoso chefe?
- De jeito nenhum!
- Mas, por quê?
- Parece ser uma boa idéia, mas o que faremos com nossos especialistas em vento, em umidade e em festas?

Não há sistema que aceite idéias simplistas. Muito mais do que resolver problemas, precisamos entender a quem pode interessar cada solução.

Já que isso é uma realidade, eu continuo a espargir sementes e a alimentar sonhos de um Controle de Tráfego Aéreo próspero, seguro e livre de interesses abstrusos.
Celso BigDog


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Desenhos no céu.


Ah! quantos caminhos no céu eu vi.
Quantas retas transformei em curvas.
Guiando-te em meio a nuvens turvas,
por entre morros que não conheci.

Ah! quantas noites passei em claro,
a desenhar para ti essas rotas,
cuja importância por certo nem notas.
Nem imaginas o quanto me é caro.

Ah! quantos dias deixei a família
por máquinas de simular,
distante dos filhos, do lar,
para dar-te uma rota, uma trilha.

Ah! e quantas vezes tu me foste rude,
mas eu entendo essa tua maneira,
pois um dia, na tua cegueira
tentei ser teus olhos e não pude.

Essa é uma dolorosa homenagem deste velho controlador de tráfego aéreo ao amigo e aluno Décio Chaves, comandante do GLO 1907, em memória aos bons tempos de Transbrasil. Sei que Décio e Stefanini estarão juntos sempre que um arco-íris pintar e alegrar o céu cinzento.
Celso Big Dog

Falta de planejamento em recursos humanos ressuscita velhos riscos ao ATC brasileiro.


Sai a prudência experta, entra o arrojo imaturo.
Esse é o cenário das salas de controle de todo o país. Novos controladores, muito jovens e inexperientes, substituem de supetão o time principal nas posições de controle, e, inocentemente atuam com a falsa sensação de segurança que o parco conhecimento os permite sentir.

Não basta ler livros, apostilas, manuais. É preciso conviver com o antigo, ouvindo histórias e calibrando o senso de perigo à realidade operacional. Não bastam diplomas de cursos realizados seguidamente, sem o experimento real assistido, sem o cheiro da adrenalina a rondar nossos narizes, a suar nossas axilas em momentos decisivos e arriscados. O jovem quando aprende a andar de bicicleta tende a se libertar, a ousar fazer isso sem os pais por perto, sem as mãos, empinando sua bike, até que, um dente quebrado, a fratura de um braço ou escoriações mil, o chama à responsabilidade. Mas controlar o tráfego aéreo não tem o mesmo desfecho. Experimentar um erro significa muito dinheiro, muito atraso, muitos contratempos e, infelizmente, muitas vidas.

Já que essa incoerência organizacional se instalou no ATC brasileiro, há que se programar, por parte dos organismos responsáveis pela prevenção, um processo de imersão cultural a esses indivíduos, para que o amadurecimento se dê com brevidade, como uma estufa tecnológica nos moldes da educação continuada. Há que se correr atrás de compensações para essas burrices, para que não tenhamos de novo que assistir jovens controladores sendo aviltados em sua dignidade, atirados em bancos de réus de inquisições parlamentares leigas, sensacionalistas e eleitoreiras. E para que não tenhamos que ouvir também, de suas bocas trêmulas, a inocente defesa sistêmica que alega em juízo: “Isso é normal, Excelência!”

Vamos gente! O tempo urge!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O fim do "Dim Dom" nos aeroportos...


Infraero cancela aviso de voo sonoro em aeroportos
Empresa diz que objetivo é evitar poluição sonora nos saguões. Passageiros devem prestar atenção nos painéis eletrônicos. Desde a noite de quinta-feira (2), o silêncio impera nos aeroportos brasileiros. Lembra aquela voz que alertava os passageiros para a hora do embarque e do desembarque? Não tem mais. O serviço foi cancelado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Quem estiver na área do saguão do aeroporto fazendo compras, lanchando ou circulando antes do embarque tem de ficar ainda mais atento para não perder o voo. O sistema de som da Infraero não anuncia mais os horários de chegadas e partidas dos aviões, nem faz as chamadas para os embarques.
A empresa diz que cancelou o serviço de chamadas para evitar a poluição sonora nos saguões dos terminais aéreos, já que o número de voos aumentou bastante nos últimos anos. Agora, só quando estiver na sala de embarque o passageiro contará com a mensagem sonora dada pela empresa aérea alertando para o horário do voo.
A Infraero recomenda: quem estiver no saguão não pode descuidar da leitura dos painéis eletrônicos que informam a posição dos voos. Mas o que acontece com os passageiros que têm deficiência visual? “A empresa aérea tem essa responsabilidade de conduzir o passageiro especial ou aquele passageiro que necessite de um apoio”, afirmou o gerente regional da Infraero, Nilton Souza.
Fonte: G1, com informações do Bom Dia Brasil (02abr09)
Silêncio é? Então escuta essa:
Estávamos aguardando numa fila imensa do check in de uma determinada empresa aérea em Congonhas, quando uma funcionária, em gritos quase histéricos, tentava a viva voz reunir os passageiros do voo para Curitiba, que estava para fechar. Cheguei a pensar que fosse uma desinteligência de algum passageiro com surto da síndrome aeroportuária, mas não era. Seria aceitável se essa situação fosse uma exceção, mas logo em seguida, volta a coitada aos berros chamando passageiros do voo para Belo Horizonte, e para Brasília, e para o Rio de Janeiro, e para... Enquanto a fila encolhia, sua voz gradativamente esmaecia num tom já rouco e ofegante. Naquele instante fiquei em dúvida se deveria ou não lamentar a ausência das chamadas “Dim Dom” que glamurosamente ecoaram no saguão de Congonhas em seus 64 anos de existência. “Dim Dom – Flight six four zero to Rio de Janeiro, now boarding gate four”.
Quanto mais tentamos inovar, mais nos surpreendemos com a ordem natural das coisas que nos cercam.
Se a moda pega...
Celso BigDog

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Nasce uma estrela!

NASA divulga imagem de formação de estrela a 150 anos luz da Terra, captada por um satélite. O fenômeno, que lembra uma grande mão humana, azulada, tentando alcançar a nuvem vermelha, foi capturado pelo Chandra. Cientistas da NASA dizem que a névoa azul trata-se de um dos campos eletromagnéticos mais poderosos já encontrados.

Alguém deverá estar se perguntando – “O que esse assunto tem a ver com esse Blog?”
E eu respondo:
“Tudo!”
Por mais de três décadas vigiei o espaço aéreo brasileiro, zelando anonimamente pela segurança de irmãos desconhecidos, no céu e na terra. Vivenciei muitas situações de risco, indizíveis, que Graças à mão de um Ser Superior, inexplicavelmente, não se transformaram em tragédias. Que bom que agora a tecnologia já permite fotografar essa “Energia Cósmica” que arquiteta, cria, modifica e até brinca com os destinos do universo. Que bom estar vivendo esse momento único em bilhões e bilhões de anos luz.
Grandes obras se iniciam com pequenos gestos ou atitudes. Para começar, basta acreditar.
Obrigado Senhor
Mário Celso Rodrigues

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Cérebro "avisa" antes de cometermos erros

Pouco antes de você cometer um erro, seu cérebro dá sinais de alerta, segundo estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. De acordo com os autores, essa descoberta poderá levar ao desenvolvimento de aparelhos que avisem aos controladores de trafego aéreo quando eles estão perdendo a atenção.

Antes de continuar a leitura, click aqui e conheça a notícia completa.


Agora vamos lá:

Tendo como exemplo o estudo da Universidade Americana, nossos pesquisadores não ficaram para traz. Um sistema que consiste de um tijolo amarrado num saco enquanto é sustentado por uma das mãos do controlador (porque a outra está segurando o microfone) é a grande sensação do momento. Muito mais barato e eficaz, esse complexo mecanismo, age diretamente no ponto vital do problema. Se o controlador relaxar e deixar cair o tijolo, o alerta é imediato, pois a ligação com o saco age em tempo real e desperta o indivíduo.
Usando essa técnica não-invasiva – chamada magnetoescrotografia, que é mais sensível que a tradicional vasectomia – os pesquisadores registraram as ondas cerebrais de controladores durante um teste monótono que exigia atenção e descobriram que, um segundo antes dos voluntários cometerem erros, todos já estavam de saco cheio. Descobriram também que os erros causavam mudanças imediatas na atividade sexual das cobaias humanas, que pareceu reduzir a libido. “É como se o saco estivesse falando ‘preste atenção!’, e, então, reduzindo a probabilidade de outro erro”, disse o pesquisador da CEAT (Central de Enteligência Aero-Técnica).

Os especialistas esperam que os resultados sejam traduzidos rapidamente para a aplicação prática, em consonância com o “Proctotest fingerless (sem dedo)” para profissões ou tarefas que exijam atenção constante, como o controle do tráfego aéreo. Além disso, segundo os autores, os resultados poderiam levar a novas terapias em outras especialidades com déficit de atenção e hiperatividade.

Não quero nem pensar no que estão preparando para nossas controladoras de tráfego aéreo!

Ora faça-me um favor!