segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Congonhas – Mais do que um campo de pouso, um Campo Santo!

Se o pensamento de Confúcio que diz “O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu sei” for realmente uma característica intrínseca da qualidade humana, então me julgo plenamente capaz de expor em meus devaneios uma opinião que ninguém poderá desprezar.
Acidentes e incidentes vem sendo registrados ao longo dos anos de existência desse nosso charmoso aeroporto. Cientistas de escrivaninha arriscam-se nas mais diversas e nababescas teorias de recuperação do status aeroportuário, quando na verdade o aeródromo continua sendo relegado ao terceiro ou quarto plano. Um aeródromo só rende taxas operacionais, enquanto o aeroporto com suas lojas, restaurantes, e serviços de toda a sorte, rendem um faturamento incalculável, diria até impublicável. Ora bolas! Poupem-nos! Poupem o povo brasileiro das falácias. Essa agrura, que faz talhar a esperança em um futuro promissor para o nosso tráfego aéreo, vem do perdigoto que brota no canto da boca dos oportunistas, que espirra para todos os lados quando tentam justificar a importância de seus projetos milionários.
Quando Congonhas e todos os demais “aeroportos civis” forem encarados como campos de pouso, aí sim, poderemos buscar soluções sérias para o transporte aéreo brasileiro. Mas enquanto esse pensamento não vier, e as restrições de segurança aplicadas a SBSP por ocasião do acidente do TAM 3054 continuarem sendo pulverizadas, só nos resta mesmo rezar. E não digo isso sem motivo. Já observaram quantos passageiros fazem o Sinal da Cruz nos segundos que antecedem o pouso em São Paulo?
Perdemos uma grande oportunidade de construir a nova Torre de Controle de Congonhas com uma arquitetura futurista, temática e, no mínimo, com a devida e justificável reverência.
O que eu faço, eu sei!

ADENDO: Mal o post caiu na rede e já há controvérsia. Perguntam-me o que fazer "então" com Congonhas? Muito pode ser feito, como por exemplo, reestudar o tipo de aeronave adequada para operar com segurança, levando-se em consideração as características físicas e topográficas do aeródromo. Ou ainda, resgatar os princípios operacionais de VDC - Voo Direto ao Centro, que ligaria apenas os aeroportos de Congonhas, Afonso Pena, Santos Dumont, JK e Pampulha, livrando Congonhas de qualquer conexão, de qualquer vínculo entre voos, eliminando sua maldição de "HUB". Isso diminuiria, de imediato, em 50% o tempo de ocupação do pátio.
Celso BigDog

domingo, 22 de agosto de 2010

L.R.O. - O Livro Proibido.

Apesar do meio aeronáutico ter descoberto há muito tempo a valiosa ligação lógica entre "demanda e capacidade", tanto da infraestrutura aeroportuária, quanto do controle de tráfego aéreo, não soube o que fazer com ela. Nada do que vem sendo publicado sobre gargalos na aviação civil brasileira é fato novo. O que estamos colhendo hoje é exatamente aquilo que vem sendo semeado nos últimos vinte anos.
Essa evolução é contada minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano nos Livros de Registro de Ocorrências encontrados em cada Torre de Controle, em cada Controle de Aproximação ou Centro de Controle de Área. Foram criados com o propósito de canalizar informações entre controladores de tráfego aéreo e suas chefias. Guardam todos os fatos ocorridos dentro de um turno de trabalho e mostram “ipsis litteris” não só as informações da aviação civil e militar como também as deficiências da infraestrutura aeroportuária, da infraestrutura aeronáutica, da operacionalidade, dos recursos humanos, dos acidentes e incidentes aéreos ocorridos em todos os aeroportos brasileiros. Dessa forma, a história do tráfego aéreo brasileiro é escrita em tempo real e o L.R.O. é o único que pode revelar a verdadeira escalada do chamado "Caos Aéreo”.
É compreensível que a Defesa, por questões de "segurança nacional" mantenha esses registros com certo grau de sigilo, pois a aviação usa de termos específicos que, ao julgamento de leigos, podem causar apreensão, interpretações equivocadas, distorcidas ou o que é pior ainda, acertadas.
De qualquer forma, como sempre diz um velho e sábio amigo, se um dia eu puder e vier a publicar essa história, a capa eu já tenho!

P.S. Não adianta procurar na Bienal do Livro. Essa capa é mera ilustração fictícia. Já tenho pronta também uma capa - uma vez que a Aeronáutica liberou o assunto sobre OVNIS - com o título: "Meu chefe é um E.T."

Celso BigDog

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Apagão Aéreo – Parabéns pra você!

Com quem será?
Com quem será?
Com quem será que o Apagão vai se acabar?
Vai depender;
Vai depender;
Vai depender qual Governo vai querer...

Já cansei de falar desse assunto. Aliás, devo ter sido um dos primeiros a mostrar essa tendência ruim ainda na virada do milênio. Mas depois de tanto tempo, e com tantas promessas, numa breve análise podemos ver que:
- As restrições impostas ao Aeroporto de Congonhas em 2007 foram desfeitas;
- As pistas continuam operando com a mesma capacidade de absorção da época do acidente do JJ3054;
- Os pátios não aumentaram;
- O espaço mínimo entre as poltronas dos aviões não só não aumentaram, como se encaminham para viagem em posição fetal. Já se fala até em viajar de pé;
- O controle de tráfego aéreo faz sua parte na formação de pessoal preparando-o para a Copa do Mundo e Olimpíadas. Mas pense bem... De que adianta o aumento da capacidade de controle se não há capacidade de absorção desse tráfego? De que adianta aproximar aviões simultaneamente para duas, três, cem pistas, se não tem onde estacionar? De que me adianta comprar uma pickup se em minha garagem só cabe um fusca?
Acredito que já não seja suficiente ativar uma “Sala de Crise”. Pelo andar da carruagem precisamos mesmo é de um “Teatro de Operações” para uma operação de guerra, onde caibam todos os dirigentes dos segmentos participantes do transporte aéreo brasileiro - CONAC, ANAC, DECEA, INFRAERO, DAESP, SNEA, CASAS BAHIA, ABAG, CENIPA, CGNA, CINDACTA I, CINDACTA II, CINDACTA III, CINDACTA IV, SRPVSP, SNA, SNTPV, EMBRAER, ATECH, SAIPHER - e, convocar controladores de tráfego aéreo da ativa, que ainda atuem no “Front ATC” para darem seus testemunhos das verdadeiras dificuldades do universo aeroportuário. Como já disse antes, quer queiram ou não, em termos de tráfego aéreo, só o controlador pode enxergar além do horizonte sem tirar os pés do chão.
Temos testemunhado as autoridades alardeando a calma nos aeroportos e o fim do Apagão na mídia. Fazem isso na entressafra, fora de temporada, demonstrando completo desconhecimento das áreas onde atuam. Gosto mesmo de ver sua criatividade “falaciana” nos períodos de pico, quando... Ôpa! É pico... É pico... É pico, é pico, é pico. Ra-tim-bum!
Celso BigDog

P.S. Estranhou a presença de CASAS BAHIA no rol de participantes? Eu também, mas veja o link:
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_30372.htm