sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sob o signo de sagitárius


Ah! O brasileiro e suas siglas. Adora siglas. Parece que dá um status diferenciado, chique. Como se a homofonia ou homografia do nome do produto pudesse agregar valor à coisa. Atingirá seus objetivos? Claro que sim! Está justificado no nome do produto! E partindo dessa premissa ousei imaginar o que virá pela frente dentro de nosso rompante ATC.
Nele, profissionais, ou melhor, “agentes de controle de tráfego aéreo”, utilizam-se de sistemas de visualização RADAR tratado, de comunicações telefônicas e terra-ar, mas, chegamos à era de sagitário. Parece que o zodíaco irá dominar esse campo, pelo menos até a Copa do Mundo de 2014, ou quem sabe até as Olimpíadas de 2016.
Poderíamos esperar primeiramente, caso o novo sistema não seja exatamente aquilo que se esperava, a criação do PEIXES - Programa Especial de Integração X-4000 e SAGITARIO. Não atendeu as expectativas? Então tome o CAPRICORNIO - Controle de Aproximação Inter-Combinado de Rota, Navegação e Informação Operacional. Muito complexo? Que tal o VIRGEM - Visualização Radar Gerenciada e Monitorada. Olha que está difícil. Se a aviação internacional cresceu muito e a necessidade do inglês fluente está tropeçando ainda no “The book is on the table”, seus problemas se acabaram! Chegou o ARIES - Apresentação Radar Integrada à Explicação Simultânea (com tecla SAP e inglês nível IV).

O mundo está mudando. O labor realizado pelo homem está sofrendo uma mutação cruel. Como se, insatisfeito com a arquitetura do universo o próprio homem renega sua capacidade e delega poderes às máquinas e sistemas, plagiando e substituindo suas atividades intelectuais, seu raciocínio, e roubando-lhe o legado mais importante deixado pelo criador: “o Livre Arbítrio”. Se Êle que é Êle nos deixou cheio de imperfeições, o que esperar desses nossos assistentes de apoio à decisão?
Estamos nos permitindo ser substituídos por pessoas despreparadas para assumir o comando quando tudo der errado. Utilizando tasks exequíveis até mesmo por macacos. Hoje, no controle de tráfego aéreo, alguém sabe realizar uma vetoração? Aproximação de vigilância? Vetoração sem giro? Recalada? Com certeza, aqueles poucos que sabem estão de partida, ou jogados em torres de controle medíocres pelos rincões do Brasil, a troco de algumas migalhas que complementem sua aposentadoria, que ao invés de demonstrar dignidade, brio, orgulho por ter completado sua missão, o relega a funções subdimensionadas à sua capacidade operacional e ao seu potencial instrutivo.

Tenho medo do próximo passo, até porque no Controle de Tráfego Aéreo, o que um “agente de controle de vôo brasileiro” realmente mais precisa é de um SIGNO - Sistema de Garantias das Normas Operacionais.
Celso BigDog
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