Publicado em: 26/03/12 15:20
Tenho me perguntado quanto tempo seria necessário para se reformular o controle de tráfego aéreo brasileiro. Já tivemos, em menor escala, algo parecido. Entre o período mesozoico e o pré-infraero as negociações entre a DEPV e a TASA precipitaram-se como um meteorito. Em meio à névoa da incerteza alguns poucos voluntários (saudade do Sr. Noronha) se arriscaram a tirar a farda partindo para uma nova vida profissional. Foi fácil para ambos os lados. Foi fácil também porque a FAB continuou com a batuta na mão, provendo a área técnica e de recursos humanos, tanto de civis como de militares. Na ocasião, para dizer a verdade, foi só trocar a camisa. Mas o que está sendo cogitado agora é algo muito diferente. O desejo da grande maioria de clientes internos e externos pode ser descrito verdadeiramente como um “big bang aeronáutico”. Seria apenas trocar de roupa novamente e assumir DECEA, EEAR, ICEA, ICA, GEIV, CGNA...? Não, com toda a certeza não!
Mas de que adianta debater o assunto sem um detalhamento específico da coisa. Não faço ideia do tempo necessário para se elaborar um marco regulatório delineando as normas, leis e diretrizes desses novos setores. E quantos setores? Arriscar um palpite agora é até divertido, diria até instrutivo, pois nos leva a pensar, mas seria pura perda de tempo. Se bem que, se fizéssemos como no passado quando, por comodismo, copiamos para nós a Constituição dos Estados Unidos da América, poderíamos aproveitar um modelo de marco regulatório já existente. Hoje seria bem mais fácil não? Que tal um copy/paste no da Suíça?
Somente um ATCO sabe o que é uma tela de RADAR cravejada de aviões em espera para um aeroporto subdimensionado, totalmente lotado, taxiways congestionadas, setorização insuficiente ou inadequada, controlando com um assistente sem habilitação ou mal formado, usando um sistema de comunicação fixa e móvel aeronáutico inadequado, a troco de um salário minguado e olhar para os lados, além de sua equipe de guerreiros não enxergar e não poder contar com mais ninguém. Nem com os idealizadores daquele circo de horrores, nem com o chefe do RH, ou com quem projetou o aeródromo, nem com quem licitou e comprou equipamentos, sistemas e instalações operacionais inadequadas. À frente do problema só resta o controlador e Deus.
Que me perdoem os muito otimistas, mas as transformações esperadas no controle de tráfego aéreo brasileiro não poderão tramitar a jato. Pelo carinho e preocupação que tenho com os controladores e pelo choro doído de quem já perdeu entes queridos em acidentes aéreos, espero que sejam a passos de tartaruga, cautelosas e sábias.
Quanto ao PAD, a única vantagem que vejo é que já vem com grooving incluso!
Celso BigDog
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