quarta-feira, 21 de março de 2012

O fim da libido na atividade ATC brasileira.

Não sei se posso aplicar tecnicamente o termo na minha relação com o controle de tráfego aéreo, mas, de qualquer forma, é assim mesmo que eu me sinto quando trato do assunto. É comum nas rodas de aposentados a presença desse sentimento saudosista expressado por – “Eu já fui bom nisso”!
Na verdade o que me preocupa é que atualmente essa condição, essa impotência, esse desinteresse pela atividade, tem ocorrido mais precocemente a cada dia. O encanto que, diga-se de passagem, é justificável diante de uma missão tão linda, acaba na mesma proporção das dificuldades localizadas, específicas de cada lugar. Não há nenhuma preocupação da autoridade em compensar financeiramente, por exemplo, um controlador que trabalhe em São Paulo. Ao contrário, trabalhar em Aracaju, por exemplo, além da igualdade remuneratória, mostra a gritante disparidade no desempenho da função e na qualidade de vida de ambos.
Outro aspecto é o técnico. Controladores são controladores, mas... controladores de Torre, de Controle de Aproximação, de Centro de Controle de Área ou de Centro de Operações Militares devem ter remunerações idênticas? Então, se não há reconhecimento disso, qual o incentivo para estudar e progredir dentro da atividade? Se não há diferença salarial entre um mero controlador, um instrutor, um supervisor ou até mesmo um chefe de equipe, para que se empenhar? O êxodo de ATCOs para carreiras alternativas e a prática dos chamados “bicos” mostram que a relação está profundamente desgastada e merece uma atenção especial.
Quem sabe na próxima década a tão esperada Regulamentação da Profissão no ATS ponha fim a essas disparidades, criando uma categoria organizada, interessada e produtiva. Do jeito que está, é melhor virar de lado e dormir.

Celso BigDog

2 comentários:

  1. Não acredito que a regulamentação aconteça sem a desmilitarização.Não é possível,que o MUNDO esteja errado e só o Brasil e mais 3 ou 4 países estejam certos.
    Acho muito difícil largarem o osso, e ficam com essa eterna justificativa que construíram tudo e não vão passar de mão beijada.
    É óbvio que é preciso reconhecer a importância dos Militares,mas o que vemos hoje é uma rotatividade altíssima e a seleção cada vez pior.

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