Busquei saber como anda a conversação inglesa no ATC brasileiro. Por estar afastado já há algum tempo, meus parâmetros se desintegraram e já não consigo avaliar se houve progresso ou não. Aparentemente sim, até porque esse quesito passou a ser avaliado e exigido anualmente pelas autoridades aeronáuticas, mas com que aproveitamento? O conhecimento só é testado nas situações não-rotina e não no emprego da fraseologia padrão. Digo isso com conhecimento de causa, pois, nos meus 30 anos de controle de tráfego, quem me ouviu trabalhar com um inglês medíocre, mas empregando corretamente a fraseologia padrão, certamente pensou: “Uau! Deve ser um texano!”
Devo admitir que tive sorte nas questões não rotina, nas interpretações das inúmeras emergências enfrentadas, até mesmo numa situação de ameaça de bomba a bordo de uma aeronave americana na década de 80. Mas, convenhamos, não podemos contar somente com a sorte.
Nessa busca por informações, acabei me deparando com trabalhos muito interessantes, que me dão conta de que a questão do idioma inglês no tráfego aéreo mundial gera problemas até mesmo dentro dos Estados Unidos, que como o Brasil, por suas dimensões continentais, convive com dialetos, gírias e neologismos regionais imprevisíveis.
E assim concluiu o trabalho:
Levando em conta todos esses inconvenientes do inglês, não é justo impor um aprendizado tão árduo para todos os não-anglófonos. E, além dessa injustiça, é preciso saber que de qualquer forma eles JAMAIS APRENDERÃO O INGLÊS DE FATO, essa língua tão difícil para os estrangeiros. É preciso criar uma comissão encarregada de encontrar uma língua apresentando um número reduzido de inconvenientes, mas precisamente uma língua que atenda aos 7 critérios acima indicados. Em seguida será preciso substituir, pouco a pouco, o inglês por essa outra língua, mais adequada para esse fim.
E assim eu concluo:Enquanto aguardamos, tentemos fazer com que o inglês não seja mais a fonte de tantos problemas. Um estudo realizado em conjunto pela NTSB e pela FAA, com um orçamento de 500 mil dólares, será iniciado em junho de 1998. Mas como declarou Shannon Uplinger: "Supondo até que se faça o melhor ensino possível da língua inglesa, não se suprimirão jamais as ambiguidades inerentes a essa língua e não será compensada a falta de disciplina, a fadiga e os outros problemas da profissão. Mas esse aprendizado aumentará a capacidade dos controladores de vôo e reduzirá fortemente o risco de que eles e os pilotos se comuniquem sem se compreenderem".
Quando Kent Jones disse em 1998 que: ... “será preciso substituir, pouco a pouco, o inglês por essa outra língua, mais adequada para esse fim”, digo que essa língua já chegou, sem fonética, sem gramática, sem pronúncia ou sotaques, sem equívocos de homofonia ou de homografia, que se troca por meio de dados padronizados entre interlocutores.
Apesar da sutil insinuação de que o uso do Esperanto seria a solução do futuro, vale à pena dar uma olhada no trabalho e entender alguns problemas do Inglês Aeronáutico que ainda são muito atuais:
Artigo Completo: http://www.aleph.com.br/kce/artigo24.htm
* Kent Jones é engenheiro civil aposentado. Seu primeiro contato com a aviação foi durante o serviço militar na marinha norte-americana. Foi técnico em eletrônica na unidade de Aproximação Controlada por Terra na Estação Naval de Barber's Point, em Oahu, Havaí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário. Obrigado!