sábado, 6 de março de 2010

Tráfego aéreo brasileiro diz adeus à Magnetron.


Adeus Magnetron!

Um pulso de onda de rádio é vigorosamente amplificado e projetado ao espaço à velocidade da luz. Em seu caminho um obstáculo o reflete fazendo-o voltar certeiro à antena de onde partiu. Nasce assim um “eco RADAR”. A cada emissão, a cada rotação da antena, infinitas operações matemáticas calculam o tempo gasto do ir e voltar do pulso, traduzindo tempo em distância! É dessa “simples” operação que originou a sigla RADAR – Radio Detection And Range, ou seja, detecção e distância por ondas de rádio.
Essa introdução se fez necessária para a homenagem que pretendo prestar a uma grande personagem do elenco aeronáutico que hoje encerra suas atividades na história da aviação brasileira, a Válvula Magnetron.
Quisera eu ter idéia de quantas aeronaves foram detectadas e conduzidas com segurança aos seus destinos. Quantas vidas passaram por seu raio de ação, sob o manto da proteção ao voo nos momentos mais difíceis, nas turbulências mais severas, nos voos mais cegos?
Ainda que seu inventor a tenha criado para a guerra, certamente recebeu o perdão Divino pelo bem que fez à humanidade. Mas o progresso tecnológico é ingrato. Substituídas hoje por modernos SSP – Solid State Power, que compõem os atuais RADARES, as Válvulas Magnetron foram aposentadas sem homenagens, sem honrarias, sem sequer uma nota de agradecimento no rodapé de um reles informativo aeronáutico qualquer. Mas eu não as esqueci.

Obrigado Magnetron por ter me dado a necessária confiança nos 30 anos de controle RADAR. Obrigado por permitir a operação que salvaguardou a família de Dino Tofini na aeronave PT-KZO com seu comandante Oliveira. Quando garantiu a segurança da Diretoria da Nestlé do Brasil em seus difíceis momentos vividos na aeronave PT-DJU sob o comando de Benedito Bertolini. Quando me permitiu conduzir o FAB 2613 sob o comando do então coronel Délcio e major Braga com mais três ocupantes, em vetoração sem giro à pista de um campo fechado por instrumentos. Ainda que tenha ignorado o regulamento e as intempéries, o fiz em prol da vida, pois, há de se frisar que a aeronave parou por pane seca no taxi, logo após o pouso.
Obrigado Magnetron por permitir que eu, um humilde e apaixonado controlador, desempenhasse com convicção e confiança meu labor diante de eventos tão decisivos, tão difíceis.

Encerrando esse depoimento aproveito para agradecer também a todos os técnicos e mantenedores de RADAR, meus camaradas que, zelosos de suas responsabilidades, sempre garantiram a precisão do equipamento.

Que a Aeronáutica tenha para a Magnetron, um lugar de destaque nos museus aeronáuticos desse nosso imenso País, à altura de sua importância histórica no tráfego aéreo brasileiro.

Celso BigDog

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