sábado, 24 de março de 2012

Êpa! Eu também quero!


Onde construiremos nossos aeroportos? Como frear o crescimento no entorno aeroportuário? Se fossem estações ferroviárias as pessoas também reclamariam dos trens? Agora que a elite, que viaja de avião, reclamou e conseguiu aleijar a operacionalidade do Aeroporto Santos Dumont, logo logo terá que viajar centenas de quilômetros de ônibus ou de trem para pegar seu voo, pois o povão está descobrindo que também tem direitos. "E eu acho é pouco!"


Barulho do Galeão incomoda Zona Norte e Baixada

Jornal do Brasil - Flávio Dilascio

Enquanto a Zona Sul teve suas reivindicações sobre o Aeroporto Santos Dumont prontamente atendidas, com a suspensão dos voos noturnos e a redução do tráfego na Rota 2, moradores da Zona Norte e Baixada sofrem diariamente com os transtornos causados pela proximidade dos aviões que posam e decolam no Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Nesta quarta-feira, o JB visitou o Parque Duque, em Duque de Caxias, onde os moradores reclamam do barulho de aviões que passam sobre suas casas de madrugada e do tráfego intenso durante todo o dia, que provoca até rachaduras em paredes. Perguntados por que não fazem reivindicações como as associações de moradores da Zona Sul, os habitantes locais disseram ter outras preocupações mais urgentes, como, por exemplo, a falta de infra-estrutura básica.
Dentre as localidades mais prejudicadas pelos voos do Tom Jobim, destacam-se os bairros da Penha Circular, Parada de Lucas e as regiões de Duque de Caxias vizinhas à Rodovia Washington Luiz, como Parque Boa Vista, Parque Beira-Mar e o Parque Duque. – Nós até já nos acostumamos com os aviões, por isso há poucas reclamações.
O que acontece é que a nossa região é muito carente de serviços e nós estamos nos concentrando mais nisso. Temos um problema crônico de abastecimento de água, que é uma luta de anos – ressalta o presidente da Associação dos Moradores do Parque Duque, Marcos Augusto.
Os habitantes do Parque Duque costumam ser incomodados diariamente com um avião cargueiro que sobrevoa o bairro durante a madrugada. Outra perturbação que não lhes sai da lembrança é o barulho ensurdecedor do avião Concorde, que, para sorte dos moradores, saiu de circulação em 2003. – O Concorde fazia muito barulho aqui, mas felizmente parou – atesta Marcos Augusto.
Residente no Parque Duque há 47 anos, a promotora de vendas Bernardete de Oliveira revela que determinadas casas não aguentam o impacto da passagem dos aviões. – Algumas paredes acabam ficando rachadas por causa dos voos. Outro problema é quando os ventos estão ruins e eles têm de mudar as rotas, aumentando o fluxo por aqui – relata ela, que também é dona de um bar na região.
Outras áreas prejudicadas são alguns bairros da Ilha do Governador, como Tubiacanga, Galeão e a favela Parque Royal. Curiosamente, todas essas localidades são predominantemente de baixa renda, bem diferentes de Catete, Laranjeiras, Glória, Urca, Flamengo e Botafogo e Cosme Velho, que venceram a guerra contra o Santos Dumont.
Soluções existem, mas o preço pode ser muito salgado.
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Celso BigDog

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