domingo, 20 de fevereiro de 2011

Despachando Tripulantes!


O universo aeronáutico é extremamente complexo. Grandes estudos e providências deveriam preceder o crescimento de uma empresa aérea, mas parece que não ocorrem. Ao incorporar uma aeronave à sua frota, uma empresa aérea arrasta para dentro do hangar, além de muitos pilotos, um exército de comissários, mecânicos, motoristas entre outros profissionais. E isso não para por aí. Com certeza ninguém no Brasil esteve atento à chegada do A380, como se tivesse sido projetado e fabricado da noite para o dia. E agora? Hoje não temos como recebê-lo em nenhum de nossos aeroportos. Nenhum! 
Temos visto também manifestações sindicais tentando regular a entrada de aeronautas estrangeiros no país como forma de valorizar o profissional brasileiro. Proibir entrada para valorizar os que ficam? O SNEA - Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias manifestou preocupação com a falta de tripulantes e a correção ou reedição do CBA poderia abrir uma porta para que nessas oscilações, na oferta de mão de obra, as vagas fossem supridas. Mas na verdade, ao alertar sobre esse processo migratório, o patronato despertou ainda mais o espírito brasileiro pela busca de oportunidades. Milhares de profissionais, isso mesmo, milhares de profissionais aeronáuticos brasileiros emigraram nos últimos dois anos para os quatro cantos do mundo, onde encontraram melhores condições de trabalho, remuneração, respeito e reconhecimento profissional.
Diante do desespero das aéreas brasileiras, às portas dos grandes eventos desta década, empresas e ANAC já buscam encurtar o tempo de formação dos pilotos substituindo grande parte de OJT por simuladores de voo. Na visão de um prevencionista, me parece um experimento meio fora de hora, não acham?
O êxodo, que arrasta multidões em busca do “Céu Prometido”, ocorre de forma silenciosa e ao longo do tempo se firma como uma praga. Como disse no início, pela sua complexidade e miopia, o Brasil deve continuar "despachando seus tripulantes" em empresas congêneres, com passes só de ida.
Se levarmos em consideração que a revoada tem esvaziado também as fileiras de profissionais militares pelo mundo afora, creio que a nossa Gloriosa Força já deve também estar com as “barbas de molho”. Será?
Afinal, quando teremos por aqui um workshop para ATCOs?
Celso BigDog

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário. Obrigado!