Diante das novidades do próximo governo que se erigem no horizonte, arrisco a dar meu pitaco. Posso dizer que fui um privilegiado dentro do SISCEAB. Por força das circunstâncias conheci profundamente a infraestrutura e a operacionalidade tanto de São Paulo, quanto do rincão mais remoto e mais inóspito da Amazônia. Tive o prazer de comandar o DTCEA-FX no Xingu, onde se alocam antenas repetidoras de Dados, VHF e RADAR, e pude ver de perto que não basta espernear e querer para si um brinquedinho difícil de manter. As questões de logística, de provisionamento, de manutenção são extremamente complexas. Tornar um SISCEAB civil não significa apenas transferir controladores, alguns microfones e telas de visualização RADAR para as mãos de um paisano. Significa transferir os problemas estruturais, que não são poucos, e certificar-se que o aceitante conseguirá dar conta do recado.
Pare um instante! Pense na questão administrativa e responda para si mesmo: - Ao receber de presente um ATC plenamente civil, quem você empossaria nos postos administrativos e gerenciais do complexo? Quem trataria dos assuntos e acordos internacionais junto à ICAO? Seriam os “controladores de voo”? Se pensa assim, sinto muito em decepcioná-lo. Ainda não há esse profissional com capacitação para tal. O sistema continuaria sendo, por muito tempo, gerido por militares de alta patente da reserva da Aeronáutica e políticos ligados aos segmentos do transporte aéreo, todos com altos salários e situação empregatícia invejável. Traria consigo todo o "modus operandi" que você está acostumado a cumprir hoje. Já teve a curiosidade de analisar o currículo do atual staff da ANAC?
Se num passado não muito distante, a transição mal feita do Departamento da Aviação Civil para ANAC produziu uma ação normativa que contribuiu para um acidente de grandes proporções em Congonhas, o que esperar então do ATC onde as ações fluem em tempo real?
Então minha gente, como nada acontecerá da noite para o dia, e inicialmente "tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes", devagar com o clamor que a torre é de barro.
Dilma quer pasta forte ou secretaria só para cuidar de aeroportos e portos. Celso BigDog
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