quinta-feira, 24 de abril de 2014

Relatório de Prevenção - Que o acaso o carregue! (Ainda Sem Solução)


Publicado em: 26/03/12 15:24
Mensagem enviada ao CENIPA em 18 de abril de 2010 no endereço abaixo especificado, com confirmação de recebimento por resposta automática, sem nenhuma referência de protocolo, e provavelmente, sem nenhuma perspectiva de resposta, assim como tantos outros relatórios que enviei. E usando desse expediente de náufrago que lança suas mensagens ao acaso, eu um eterno sonhador, lanço mais uma através desse blog. Quem sabe um dia alguém se digne a examiná-la... Quem sabe?
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Saudações SIPAER
Prezados Companheiros,
Permitam-me tratá-los assim, ainda que a reserva nos tenha afastado do convívio, mas volto para bater um papo sobre um assunto de grande relevância. “O Sistema de Visualização RADAR e o uso do Transponder.
Indo direto ao assunto, a ICA 100-12 assim diz em seu item:
14.7.5.1 A verificação do funcionamento do transponder deverá ser executada pelo piloto selecionando o transponder para a posição “STANDBY”, retornando para “NORMAL” e pressionando a característica “IDENT”. Esse procedimento somente poderá ser executado por solicitação do controlador.
Note que “apesar de termos sistemas automatizados de visualização RADAR em todo o espaço aéreo brasileiro”, não há nenhuma menção quanto ao procedimento correto de troca do código SSR. Se o piloto, por exemplo, decola de uma localidade não controlada e aciona o código A/C2000 enquanto aguarda um código discreto do ACC. Ao ser instruído a trocar para 4776 por exemplo, nada o impede que, de posse desse novo código passe a girar o knob ou o seletor do seu equipamento transponder de 2000 até atingir o A/C 4776, ativando todos os planos coincidentes da lista de planos em processo de clearence do ACC.
Essa não é uma observação atual. Já havia sido encaminhada várias vezes ainda no tempo da DEPV no final da década de 90, por ocasião da implantação do X-4000 em São Paulo, sem nenhuma providência até hoje.
Certamente os senhores devem estar perguntando, em termos de risco, qual a relevância disso?
Sempre foi notória a ativação irregular das strips eletrônicas do X-4000. Sem nenhum motivo aparente ela amarelava na lista, mas o avião ainda sequer havia acionado. Essa constância levou o controlador a desacreditar dessa mudança de status e a não perguntar mais à TWR sobre “se a aeronave havia ou não decolado”. Torna-se necessário dizer que em alguns aeródromos a TWR já não informa hora de decolagem e isso completa o quadro.
E foi nesse cenário que em 1996, o TAM402 acionou o transponder na corrida de decolagem, decolou, acidentou-se e ninguém soube. O controlador do APP viu a mudança de cor na strip, mas foi complacente diante de tantos casos semelhantes durante todo o turno. Somente depois de dez minutos do ocorrido, o APP foi alertado por um avião que decolava informando que possivelmente teria havido um acidente aéreo.
O fato em nada contribuiu para o acidente, mas se fosse o caso de providenciar-se socorro às vítimas, dez minutos seria uma eternidade.
Segue sugestão simples, tardia, mas ainda oportuna de alteração no texto:

14.7.5.1 A verificação do funcionamento do transponder ou a troca para outro código deverá ser executada pelo piloto selecionando o transponder para a posição “STANDBY”, retornando para “NORMAL” e pressionando a característica “IDENT”. Esse procedimento somente poderá ser executado por solicitação do controlador.

Do Amigo SIPAER
Mário Celso Rodrigues – SO RR BCT
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Resposta automática recebida sem qualquer protocolo de acompanhamento:
Domingo, 18 de Abril de 2010 10:50:17
Sobre seu Contato com a DPC do CENIPA
De: "rcso@cenipa.aer.mil.br" rcso@cenipa.aer.mil.br
Para: celsobigdog@yahoo.com.br
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-- Mensagem gerada automaticamente. Por favor não responda este e-mail --
Sr(a).
Seu Relatório foi recebido por nossa equipe com sucesso.
Ele será analisado e você será avisado, via e-mail, das providências adotadas.
Divisão de Prevenção e Controle
http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/paginas/envio_relprev.php
61-3364-8836
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Se você não entende a analogia que faço, provavelmente entenderá a frustração que sinto quando me deparo com certos relatórios que eu mesmo apresentei no passado, diretamente à autoridade aeronáutica, sendo noticiados cinco anos depois pela mídia. Penso que, se os tivesse colocado em uma garrafa e lançado ao mar, teriam atingido seus objetivos com muito mais eficácia e rapidez.
Confira: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1379463-5598,00.html


Recebido em 20 de maio de 2010

De: spi2
Para: celsobigdog@yahoo.com.br
Enviadas: Quinta-feira, 20 de Maio de 2010 13:40:33
Assunto: Reporte Voluntário
Prezado Senhor:
Primeiramente, agradecemos o envio do Relatório de Prevenção, que é uma ferramenta de suma importância para a prevenção de acidentes e da garantia da Segurança Operacional no nosso país.
Informamos que o mencionado documento foi encaminhado ao setor responsável para análise e as devidas providências. Tão logo seja possível, remeteremos a V. Sa. a resposta do Órgão/Setor responsável.
Sua participação nesse processo é de suma importância, caso tome conhecimento de outras ocorrências, solicitamos que nos envie novos relatórios, instrumentos importantes para a melhoria do Sistema de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).

Atenciosamente,

Divisão de Prevenção
Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - CENIPA
"SAUDAÇÕES SIPAER"
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De SO RR/REF Mário Celso Rodrigues
A spi2
Senhores,
Hoje é dia 19 de maio de 2011 e mais um ano se passou sem a prometida resposta. Num dos relatórios mais importantes que entreguei ao CENIPA em 2001, ou seja, 5 anos antes do acidente entre o Legacy e o GOL, terminava meu relatório com a seguinte frase: "Que Deus nos proteja e que o TCAS esteja sempre presente". Que frustração!
Mesmo estando na RR e entrando na Reforma por sofrer de mal incurável, espero não estar vivo para ver uma vez mais os ensinamentos da prevenção serem jogados ao vento e um sinistro ocorrer por esses motivos.
Que Deus nos proteja e ilumine os homens de boa vontade!
Saudações SIPAER!

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