segunda-feira, 19 de julho de 2010

Era uma vez um tal de coronel OVLOV...

“- Eu sou caçador! - Fui treinado para matar! - Não sou de usar meias palavras.” Assim era conduzida uma reunião com meu chefe, um aviador que se gabava de pertencer ao seleto grupo de pilotos de caça da corporação. Exaltava suas qualidades desenvolvidas em incansável treinamento de guerra, e que notadamente, com certa frustração, nunca colocou em prática.
Certa vez, andando a pé pela cidade de São Paulo, mais precisamente pela Avenida Santo Amaro, parou em um ponto onde tomaria a condução para o centro da cidade. O movimento era grande e o espaço destinado à espera assemelhava-se a uma ilha cheia de gente acuada pelos coletivos, como tubarões, indo e vindo num movimento frenético. Parou no meio fio analisando um a um os letreiros dos itinerários das conduções quando alguém passa em sua retaguarda, lhe dá um encontrão e o projeta no meio da pista. Com os olhos esbugalhados, incrédulo, gritou: “Judith” - talvez sua esposa, mãe ou santa protetora - e absorveu o enorme impacto frontal de um ônibus. Desfalecido foi levado ao hospital mais próximo. Após exaustivos exames e algumas bolsas de gelo, concluiu-se que somente uma pequena sequela marcaria aquele fatídico acidente: um estranho quelóide na testa. O médico que o assistiu relatou que durante a inconsciência temporária, delirava e balbuciava palavras desconexas como: “estável na proa...” “prossiga Thor!” “Tempo para encaudamento...” “conta corrente” e terminava sempre com o nome dessa tal mulher: Judith! Judith! Judith!
O irônico e cruel destino, além de desprezar seus 30 anos de treinamento, não permitiu sequer que houvesse uma guerrinha para que o valente paladino pudesse aplicar seu belicoso aprendizado. Mas foi melhor assim. O pior de tudo para sua ufana carreira de caçador, foi que, além de não ter podido aplicar seu aprendizado, terminou sua saga implacavelmente abatido no chão, de frente, e marcado para sempre por seu algoz, que não era um Sukhoi, nem um Hornet, tampouco um Gripen, mas sim, um velho ônibus urbano da marca VOLVO.
Esta é uma estória de ficção que busca alertar o quanto pode ser perigoso e inútil querer aplicar conhecimentos e habilidades específicas no lugar errado.
Qualquer semelhança com pessoas ou fatos terá sido mera coincidência. Vuurrrrrruuuummmmm!!!!!!
Celso BigDog

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