quinta-feira, 27 de maio de 2010

Era uma capacidade muito engraçada, não tinha pátio, não tinha nada!

A imprensa noticia que o espaço aéreo de São Paulo e Rio terá o dobro de capacidade em 2012, mas condiciona, no entanto que o aumento do número de voos depende da realização de obras de infraestrutura nos aeroportos.
Quando se trata de questão relativa ao transporte aéreo, um argumento capcioso fatalmente induzirá “alguém” ao erro. As normas mal elaboradas, os procedimentos mal concebidos, as relações que comparam demanda e capacidade aeroportuária ou capacidade de controle quase sempre maquiam uma deficiência sistêmica, que dificilmente será reconhecida lá na frente, quando tudo der errado. Nesse momento todo e qualquer vínculo com vícios sistêmicos desaparece dando lugar à terrível conclusão: “Foi falha humana”. Se as obras citadas na reportagem não forem executadas, quem arcará com os futuros entraves operacionais?
O espaço aéreo brasileiro é muito vasto. Não é difícil dobrar a capacidade de aeronaves nesse espaço. Aliás, posso dizer que seria até muito fácil quadruplicar o número de aeronaves. Pode-se fazer isso criando novas rotas RVSM. Pode-se implementar navegação “offset route”. Pode-se conduzir um voo entre São Paulo e Rio via Belo Horizonte. Pode-se fazer vetoração na FIR, ou até mesmo mudar a classe do espaço aéreo para Golf só para não ter que controlar o voo, assim como foi feito no espaço aéreo abaixo do FL100. Problema resolvido? Como resolvido? De que adianta dar agilidade ao tráfego, aumentar a capacidade do espaço aéreo, aumentar a capacidade de controle, insistir no aumento das linhas comerciais assim como vem sendo negociado com a União Européia, ou ainda como vem sendo insistentemente solicitado à Argentina pela própria ANAC? De que adianta se não há como absorver esse tráfego? Se não há onde estacionar aviões, pois não tem estrutura instalada? Se não há como fazer aproximações simultâneas, pois as pistas não têm a separação regulamentar adequada? Se não há como diminuir o tempo de ocupação de pista, pois não há saídas rápidas? Ufa! Fazendo uso da velha lógica, pergunto: “Se Congonhas, Guarulhos, Viracopos e Marte estão no limite de sua capacidade aeroportuária, de que adianta aumentar a capacidade do espaço aéreo?” Para deixar as aeronaves em órbitas? Queimando combustível e elevando o custo operacional das empresas? Expondo os profissionais, pilotos e controladores, ao jugo das falhas humanas?
A capacidade que falta aumentar no transporte aéreo brasileiro é a capacidade de trabalho conjunto, sem vaidades, sem revanchismos, onde CONAC, ANAC, DECEA, INFRAERO, SNEA e ABAG busquem a sintonia que falta para evitar um grande vexame, ou algo pior, num futuro já bem próximo.
Celso BigDog

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+servicos,capacidade-do-espaco-aereo-de-sp-deve-dobrar-ate-2012,20078,0.htm
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/26/economia,i=194625/ESPACO+AEREO+DE+SAO+PAULO+E+RIO+TERA+O+DOBRO+DE+CAPACIDADE+EM+2012.shtml

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