sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Aero... o que mesmo?

Ao som de ziriguidum, vem aí o Carnaval, e no embalo a Olimpíada Militar 2012, a Copa do mundo 2014, a Olimpíada Rio 2016, mais o crescimento esperado para o período de 50% no tráfego aéreo rotineiro, mais a abertura dos céus entre EUA X Brasil X Europa! Vamos dançar minha gente? Quem não souber sambar bata palmas.
Se já ficou bem claro que o problema não está nos céus brasileiros e sim na infraestrutura aeroportuária, por que oferecem o Brasil com uma promessa enganosa? Podemos sim duplicar, triplicar, multiplicar a capacidade de controle em nosso imenso espaço aéreo, mas o slogan deveria ser “Venha orbitar no Brasil”, ou, “Nossas órbitas são mais azuis”, ou ainda, “A cada cinco órbitas padrão você ganha o direito a uma espera com pernas de 2 minutos sobre o lindo litoral brasileiro”. Ora faça-me um favor. Puxadinho? Como se chamará? Aero o que? Anexo? Ou sem nexo? Vai ter goteira? É de lona? Vende pipoca? O chão é de serragem? O vento arranca? Pega fogo? São perguntas que devem ser respondidas já, pois haverá outro anexo só para os jornalistas de plantão se fartarem jogando pedra. E eu que pensei que meu post sobre o “Aerocirco” fosse uma “viagem”. Acho que estou ficando velho mesmo. Cheguei a pensar também em um Aerosambódromo dentro da Vila Olímpica. Já pensaram? No carnaval a pista vira passarela. Na Copa e nas Olimpíadas fica ao lado dos estádios. Em outras ocasiões pode-se alojar passageiros dos voos cancelados nos alojamentos dos atletas. Como é que é? Roubaram as luminárias? As torneiras também? Os cabides das paredes?
Nessa história sem fim, a única certeza que tenho é que, como sempre, haverá um batalhão de palhaços fazendo malabarismos para não deixar a peteca cair, de novo.
Celso BigDog

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Despachando Tripulantes!


O universo aeronáutico é extremamente complexo. Grandes estudos e providências deveriam preceder o crescimento de uma empresa aérea, mas parece que não ocorrem. Ao incorporar uma aeronave à sua frota, uma empresa aérea arrasta para dentro do hangar, além de muitos pilotos, um exército de comissários, mecânicos, motoristas entre outros profissionais. E isso não para por aí. Com certeza ninguém no Brasil esteve atento à chegada do A380, como se tivesse sido projetado e fabricado da noite para o dia. E agora? Hoje não temos como recebê-lo em nenhum de nossos aeroportos. Nenhum! 
Temos visto também manifestações sindicais tentando regular a entrada de aeronautas estrangeiros no país como forma de valorizar o profissional brasileiro. Proibir entrada para valorizar os que ficam? O SNEA - Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias manifestou preocupação com a falta de tripulantes e a correção ou reedição do CBA poderia abrir uma porta para que nessas oscilações, na oferta de mão de obra, as vagas fossem supridas. Mas na verdade, ao alertar sobre esse processo migratório, o patronato despertou ainda mais o espírito brasileiro pela busca de oportunidades. Milhares de profissionais, isso mesmo, milhares de profissionais aeronáuticos brasileiros emigraram nos últimos dois anos para os quatro cantos do mundo, onde encontraram melhores condições de trabalho, remuneração, respeito e reconhecimento profissional.
Diante do desespero das aéreas brasileiras, às portas dos grandes eventos desta década, empresas e ANAC já buscam encurtar o tempo de formação dos pilotos substituindo grande parte de OJT por simuladores de voo. Na visão de um prevencionista, me parece um experimento meio fora de hora, não acham?
O êxodo, que arrasta multidões em busca do “Céu Prometido”, ocorre de forma silenciosa e ao longo do tempo se firma como uma praga. Como disse no início, pela sua complexidade e miopia, o Brasil deve continuar "despachando seus tripulantes" em empresas congêneres, com passes só de ida.
Se levarmos em consideração que a revoada tem esvaziado também as fileiras de profissionais militares pelo mundo afora, creio que a nossa Gloriosa Força já deve também estar com as “barbas de molho”. Será?
Afinal, quando teremos por aqui um workshop para ATCOs?
Celso BigDog