Permitam-me um preâmbulo.
Na virada para o novo milênio, quando já era notória a decadência na qualidade administrativa do meio aeronáutico, surgiu uma nova aviação civil. Moderna em sua tecnicidade, mas ineficiente no aproveitamento dessas facilidades, trilhou seu destino como aquela pessoa que ao comprar um novo produto eletrônico jamais lê o manual do usuário. Passou a ser conduzida na base da tentativa e erro. E quantos erros! Abandonou a cautela ao adotar procedimentos com pouco estudo de causas e efeitos e lançou-se ao acaso. Os resultados não poderiam ser diferentes daqueles que nos chocaram em 2006 e 2007.
No afã de afastar a presença militar dos gabinetes da aviação civil, o Governo Federal substituiu os quadros do alto staff da agência de fiscalização e regulação por um grupo de colegiados apadrinhados, com pouca expertise aeronáutica, para escrever as páginas mais contundentes e tristes da Aviação Civil Brasileira. Não percebeu também que tripulantes, descontentes com o desrespeito e a desvalorização de seu trabalho procuraram novos ares migrando para o Oriente e Ásia.
O Sistema de Controle do Espaço Aéreo, apesar dos diversos indicadores da linha de frente, esboçou uma reação, mas foi desestimulado de tomar providências diante da queda brusca do movimento aéreo causado pelo terrível evento do "11 de Setembro". Nessa época o tráfego aéreo que crescia a olhos vistos e já trazia preocupação ao provedor de serviços, viu da noite para o dia esse volume de tráfego cair de forma vertiginosa dando a falsa impressão de que o plantel de técnicos e controladores existentes seria mais do que suficiente para suportar a demanda por muitos anos. Ao invés de aproveitar a calmaria e adequar o quadro de especialistas para o futuro, preferiu vender a ideia e dedicar-se à implantação do CNS/ATM cuja inauguração se alardeava para o ano de 2010, mas que até hoje não deu as caras pelos céus brasileiros. Falo com conhecimento de causa, pois, senti na pele esses revezes. O êxodo desses técnicos para carreiras alternativas reforça a tese de que o ambiente de trabalho é pouco atrativo e inseguro, além de oferecer um pagamento irrisório por um risco incalculável. No caso dos acidentes do PT-LSD (Mamonas Assassinas), GOL X Legacy, onde houve participação ATC, as custas processuais e honorários advocatícios correram por conta dos controladores. Se levarmos ao pé da letra, podemos afirmar que esse é um serviço que "não vale a pena".
A infraestrutura aeroportuária tratou de transformar aeródromos em aero shoppings, deixando em segundo plano a operacionalidade das aeronaves, como se delas não dependessem a funcionalidade e excelência do serviço. Essa inadequação de estrutura em solo joga o problema nas mãos do controlador, e a ele cabe realizar malabarismos para manter a aviação voando segura enquanto aguarda um lugar no pátio para estacionar. A definição mais clara que marcou o início desse período foi aquela que dizia: - “O avião não é meu cliente. Meu cliente é o passageiro. Se ele achar que o aeroporto deve ser um shopping-center, então será”!
Agravada pelo crescimento desordenado da aviação brasileira a eficiência administrativa, em todos os setores teve sua atuação questionada pela opinião pública e foi finalmente execrada em 2006 e 2007 quando ceifaram a vida de 353 pessoas. Bastou? Acho que não.
Interligar administrativa e operacionalmente elementos dos diversos setores da aviação poderia gerar boletins de segurança ostensivos, onde pequenos ajustes para uns poderiam facilmente se traduzir em grandes soluções para outros. Hoje essa "Torre de Babel" insiste na descoordenação de ações, onde um não compreende as necessidades do outro, e, aqueles que detêm o conhecimento guardam-no para si esperando que um dia possam vendê-lo a troco de um bom cargo no sistema.
Tenho acompanhado alguns grupos de discussão, dos quais destaco a SBTA – Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo, não desmerecendo os demais, que se aprofunda nesse universo e constrói brilhantemente opiniões com fundamentos científicos, mas que em sua grande maioria são desperdiçados por caminharem para objetivos difusos.
Cabe aqui uma crítica, pois, nesse ambiente repleto de estrelas, o chão de fábrica sente-se desprestigiado e inseguro ao emitir sua valiosa, mas humilde opinião já que, por muitas vezes, inclusive comigo, a soberba de alguns doutores e Ph.D. se arvoraram para demonstrar seu status superior. Uma pena, já que a experiência profissional representando o notório saber não é considerada como deveria ser.
A criação de um instituto, tendo como participantes os diversos segmentos do universo aeronáutico e atividades correlatas, harmonizaria ações deixando de fazer parte do problema para tornar-se parte da solução.
Na virada para o novo milênio, quando já era notória a decadência na qualidade administrativa do meio aeronáutico, surgiu uma nova aviação civil. Moderna em sua tecnicidade, mas ineficiente no aproveitamento dessas facilidades, trilhou seu destino como aquela pessoa que ao comprar um novo produto eletrônico jamais lê o manual do usuário. Passou a ser conduzida na base da tentativa e erro. E quantos erros! Abandonou a cautela ao adotar procedimentos com pouco estudo de causas e efeitos e lançou-se ao acaso. Os resultados não poderiam ser diferentes daqueles que nos chocaram em 2006 e 2007.
No afã de afastar a presença militar dos gabinetes da aviação civil, o Governo Federal substituiu os quadros do alto staff da agência de fiscalização e regulação por um grupo de colegiados apadrinhados, com pouca expertise aeronáutica, para escrever as páginas mais contundentes e tristes da Aviação Civil Brasileira. Não percebeu também que tripulantes, descontentes com o desrespeito e a desvalorização de seu trabalho procuraram novos ares migrando para o Oriente e Ásia.
O Sistema de Controle do Espaço Aéreo, apesar dos diversos indicadores da linha de frente, esboçou uma reação, mas foi desestimulado de tomar providências diante da queda brusca do movimento aéreo causado pelo terrível evento do "11 de Setembro". Nessa época o tráfego aéreo que crescia a olhos vistos e já trazia preocupação ao provedor de serviços, viu da noite para o dia esse volume de tráfego cair de forma vertiginosa dando a falsa impressão de que o plantel de técnicos e controladores existentes seria mais do que suficiente para suportar a demanda por muitos anos. Ao invés de aproveitar a calmaria e adequar o quadro de especialistas para o futuro, preferiu vender a ideia e dedicar-se à implantação do CNS/ATM cuja inauguração se alardeava para o ano de 2010, mas que até hoje não deu as caras pelos céus brasileiros. Falo com conhecimento de causa, pois, senti na pele esses revezes. O êxodo desses técnicos para carreiras alternativas reforça a tese de que o ambiente de trabalho é pouco atrativo e inseguro, além de oferecer um pagamento irrisório por um risco incalculável. No caso dos acidentes do PT-LSD (Mamonas Assassinas), GOL X Legacy, onde houve participação ATC, as custas processuais e honorários advocatícios correram por conta dos controladores. Se levarmos ao pé da letra, podemos afirmar que esse é um serviço que "não vale a pena".
A infraestrutura aeroportuária tratou de transformar aeródromos em aero shoppings, deixando em segundo plano a operacionalidade das aeronaves, como se delas não dependessem a funcionalidade e excelência do serviço. Essa inadequação de estrutura em solo joga o problema nas mãos do controlador, e a ele cabe realizar malabarismos para manter a aviação voando segura enquanto aguarda um lugar no pátio para estacionar. A definição mais clara que marcou o início desse período foi aquela que dizia: - “O avião não é meu cliente. Meu cliente é o passageiro. Se ele achar que o aeroporto deve ser um shopping-center, então será”!
Agravada pelo crescimento desordenado da aviação brasileira a eficiência administrativa, em todos os setores teve sua atuação questionada pela opinião pública e foi finalmente execrada em 2006 e 2007 quando ceifaram a vida de 353 pessoas. Bastou? Acho que não.
Interligar administrativa e operacionalmente elementos dos diversos setores da aviação poderia gerar boletins de segurança ostensivos, onde pequenos ajustes para uns poderiam facilmente se traduzir em grandes soluções para outros. Hoje essa "Torre de Babel" insiste na descoordenação de ações, onde um não compreende as necessidades do outro, e, aqueles que detêm o conhecimento guardam-no para si esperando que um dia possam vendê-lo a troco de um bom cargo no sistema.
Tenho acompanhado alguns grupos de discussão, dos quais destaco a SBTA – Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo, não desmerecendo os demais, que se aprofunda nesse universo e constrói brilhantemente opiniões com fundamentos científicos, mas que em sua grande maioria são desperdiçados por caminharem para objetivos difusos.
Cabe aqui uma crítica, pois, nesse ambiente repleto de estrelas, o chão de fábrica sente-se desprestigiado e inseguro ao emitir sua valiosa, mas humilde opinião já que, por muitas vezes, inclusive comigo, a soberba de alguns doutores e Ph.D. se arvoraram para demonstrar seu status superior. Uma pena, já que a experiência profissional representando o notório saber não é considerada como deveria ser.
A criação de um instituto, tendo como participantes os diversos segmentos do universo aeronáutico e atividades correlatas, harmonizaria ações deixando de fazer parte do problema para tornar-se parte da solução.
A propósito, o IBRASEA – Instituto Brasileiro da Segurança no Espaço Aéreo não existe. Foi um sonho que não se concretizou em 2000, mas que permanece vivo, oportuno e merecedor de análise, quer seja como ONG ou OSCIP.
Para finalizar minha opinião de Controlador de Tráfego Aéreo, lembro que, de acordo com o dicionário, um ser humano se prostitui quando coloca interesses materiais à frente de princípios ou ideias. Completa o sentido quando perde ou tira a dignidade de alguém. E acrescenta ainda a essência de aviltamento, desonra e descrédito de seus próprios integrantes. Tenho pensado se não é isso que estamos vivendo ainda hoje.
O Controlador ao definir-se “pró-instituto”, deixaria de praticar o servilismo degradante que define o termo “prostituto”, para alcançar o reconhecimento que tanto almeja, regulamentando uma profissão, compartilhando o pensamento científico dos demais e, resgatando o respeito laboral que injustamente perdeu.
Enquanto puder driblar minha debilidade, continuarei questionando. Por que não?
Celso BigDog