sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Canibalismo entre congêneres alimenta "Risco Aviário" no entorno aeroportuário.



Carcaças atraem pássaros no entorno aeroportuário.
O perigo aviário agora surge também de uma nova fonte. A morte de jovens empresas. Identificadas pela cor do rabo, azul claro, escuro, verde, ou nas cores do arco-íris... não importa, uma a uma vão perecendo em consequência do injusto tratamento recebido. O modus operandi do mercado financeiro é o mesmo de sempre, como comprar o passarinho do vizinho, exterminá-lo sumariamente para que não ouse cantar mais bonito do que o meu. Que política é essa? Seria herança das lutas ente Tupiniquins e Tupinambás onde o grupo vencedor comia o vencido?
O cheiro lúgubre se alastra e convida urubus e carniceiros de toda a espécie para o banquete. Choros e lamentos dos funcionários desamparados quebram o silêncio das turbinas, pelos sonhos desfeitos, das famílias desprotegidas, da escola das crianças, do financiamento da casa própria e compromissos financeiros que todo membro de uma família tem. 
O “Perigo Aviário” se avoluma, senão pela negligência de governantes, pelo menos pela ignorância e falta de fiscalização quando da instalação de aterros sanitários, entrepostos pesqueiros, matadouros e frigoríficos em áreas proibidas por lei para esse fim.
Como dizia o poeta Gonzaguinha: “um homem se humilha se castram seus sonhos. Seu sonho é sua vida e vida é trabalho. E sem o seu trabalho, um homem não tem honra. E sem a sua honra se morre, se mata”. 

Enquanto meus incômodos não me permitirem expressar minhas ideias com clareza, vou utilizando meu blog de OPINIÃO ATC como um simples Clipping Aeronáutico. Continuo na luta pela vida e pela atividade. 
E a propósito... AO PESSOAL DA WEBJET, MEUS MAIS SINCEROS SENTIMENTOS.

Referências:


Celso BigDog

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Tele-sena, Dupla -sena, Mega-sena...



Requentando a mesma ladainha de 2007/2008      (Publicado em 19/12/2008)
Assim como na Mega-sena, mais uma vez iniciaremos um novo ano com um volante de loteria nas mãos. Papai Noel existe e alimenta nossas esperanças de que uma chance a cada 53 milhões de apostas nos premiará profissional e financeiramente. É a imagem que vejo refletida nos olhos de meus colegas, apesar da gastura que carcome suas almas diante de tão insípida esperança. Afinal, sonhar ainda não paga tributo.
Qualquer que seja o enquadramento profissional, ou a denominação de atividade ou ainda o apelido que venhamos ter, nossos desígnios não vão além de um conveniente sacerdócio aos olhos dos poderosos. Nossa atividade atrelada a interesses inimagináveis e muitas vezes equivocados tornou-se saco de pancadas e motivo de galhofa da opinião pública, hoje propositalmente mal esclarecida. Por que trabalhamos compensando deficiências da infra-estrutura aeroportuária? Por que trabalhamos compensando a incompetência administrativa? Por que trabalhamos dando um jeitinho na legislação capenga da ANAC? Por que somos complacentes e cúmplices com a dissimulada, cínica e gananciosa cultura das empresas aéreas brasileiras? Também não sei responder, pois, ironicamente, apesar desses meus eternos questionamentos, foi exatamente assim que trabalhei por mais de 30 anos, controlando a incompetência aérea brasileira. Não há outro caminho para a categoria que não seja o de revelar os verdadeiros motivos de cada evento, ou seja, não suprindo as falhas de quem quer que seja, apenas prestando o serviço ATC como deve ser prestado, degradado ou não, mas com segurança. Qualquer tentativa diferente disso, através da costumeira iniciativa de “compensar”, quando bem sucedida apenas irá encobrir a incompetência alheia, atraindo para nós mesmos somente os resultados desastrosos.
Uma estória dos tempos da escravidão conta que uma Sinhazinha ao ser cortejada por seu prometido, inesperadamente, pressionada em demasia por seu apertado espartilho, deixou escapar um escandaloso flato. Mais que depressa, sua fiel e sempre presente Aia se adianta e diz: - “Desculpe Sinhozinho, mas o pum que a Sinhá deu, não foi ela, fui eu”.
É preciso abandonar esse costume servil e, através de nossas associações representativas, apresentar ao público interno aeronáutico, através de um canal específico e técnico, todo e qualquer evento que leve o ATC a prestar um serviço de má qualidade, dia-a-dia, a qualquer momento e contra qualquer segmento que descumpra os fins estabelecidos em seu próprio estatuto. Tenho certeza, que se bem elaborado, tornar-se-á, inclusive, uma excelente ferramenta de uso da autoridade aeronáutica para corrigir deficiências.
Dar segurança é nossa responsabilidade, mas agilidade aeroportuária, conforto, eficiência ou até mesmo satisfação com o conjunto que gerencia o transporte aéreo não é. Agindo dessa forma talvez os companheiros voadores na voz das associações de pilotos enxerguem onde está o real problema do setor e a quem devem encaminhar suas críticas e mágoas.
Enquanto a verdade não for explícita, resta-nos contentar com a alcunha de “Papagaio de Torre”, “Guarda de Trânsito Aéreo”, “Controlador de Vôo” de uma “Torre de Comando”.
É bom lembrar também que hoje o honroso termo “trabalho”, foi no passado uma degradante condição escrava de pessoas que labutavam sob açoites de um “tripálio”.
Longe de querer afrontar importantes estudos de grandes personalidades sobre relações sociais, ouso expor as minhas conclusões, tiradas ao longo da humilde vida dedicada ao ATC, que um apelido só pega realmente se você se aborrecer com ele. Infelizmente, como se pode notar, aprendi isso tarde demais.
Um forte abraço a todos vocês. Feliz 2009!
Cachorrão

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sem tato, companheiros!

Manda quem pode e obedece quem tem juízo!
Ou seria, obedece quem não tem juízo?

Diálogos comuns entre:

Piloto e PAX VIP
- O tempo está ruim senhor, melhor alternarmos para outro aeroporto.
- Negativo! Vá tentando aí. Preciso que esse avião pouse aqui!

Controlador e seu chefe
- A visualização RADAR está ruim senhor, melhor empregarmos os procedimentos de degradação de sistemas conforme prevê o regulamento no item 14.2.
- Negativo! Isso vai atrasar os voos. Nem pense nisso!

Supervisor da TWR e Centro de Gerenciamento
- Senhor, a pista está escorregadia. Melhor suspendermos as operações, pois não tem grooving.
- De jeito nenhum! Informe aos pilotos e transfira a decisão para eles. Por acaso grooving é requisito obrigatório?

Piloto e Coordenação da Empresa
- Ô coordenação, Congonhas "está nos mínimos". Acho melhor alternarmos Campinas.
- Sem chance comandante! Ou esse avião pousa aqui ou vai desmantelar nossa malha.

Piloto e mecânico
- Ô manutenção, tem um reporte aqui no RDT de Wing Anti-Ice LH acendendo em vôo. Melhor trocar não?
- Negativo comandante! Isso dará atraso. O senhor segue o voo e trocaremos a peça no próximo pouso.

Mecânico e Supervisor de manutenção
- Ô Máster, há uma trinca na porta da baia do trem de pouso... Como ficamos? AOG?
- De jeito nenhum! Cubra com uma fita aluminizada, libere a aeronave e deixe isso para o pernoite.

Abastecedor e Co-piloto
- Amigão, este avião abastece em galões ou litros?
- Hã? Vai abastecendo ai que eu já volto.

Assim como anda dizendo o noticiário: “Nevoeiro é uma das três possíveis causas do acidente aéreo na Rússia", afirmo que "NEVOEIRO NÃO DERRUBA AVIÃO!" Excetuando-se a interferência ilícita, os atos de vandalismos e uma ínfima parcela de fatalidade, o que pode derrubar um avião é a não observância das normas, o desconhecimento dos boletins de manutenção, o descumprimento dos regulamentos operacionais, a intervenção autoritária indevida, quer seja ela originária do meio civil ou militar, do setor público ou privado, sobrepujando a autoridade daquele que pilota, daquele que conserta ou simplesmente daquele que mantém ordenado, rápido e seguro o fluxo de tráfego aéreo. Em caso de acidente, somente desses três personagens serão cobrados os aspectos psicológicos, operacionais, técnicos, de iniciativa, de comando, de disciplina, de julgamento, de planejamento e de supervisão. Só deles...

Infelizmente para aqueles que não cedem a essas pressões restam as demissões e dispensas sem motivos, as promoções preteridas, as oportunidades de ascensão profissional frustradas e uma vida inteira para se questionar: - "Se eu fizesse, teria dado certo?"

http://www.abril.com.br/noticias/mundo/russia-piloto-presidente-kaczynski-ignorou-ordens-torre-548096.shtml